A aquacultura ou aquicultura define-se como sendo a forma de produzir animais e/ou plantas em meio aquático, mediante intervenção humana. Nela se inclui um grande leque de oportunidades e assiste-se à criação de peixes, crustáceos, moluscos, algas, equinodermes tais como o pepino do mar e até mesmo certos Cnidários como, por exemplo, os corais.
O intuito desta indústria não abrange somente o sector da alimentação. Também serve o propósito ornamental (denominado aquariofilia) e repovoamento de stocks de uma determinada espécie que possa encontrar-se numa situação deficitária no seu meio natural.
Portugal, comparativamente com a generalidade da Europa, apresenta ainda pouca expressão nesta indústria devido, por exemplo, às caraterísticas da costa, ao valor do investimento inicial e a um previsível prazo longo até se atingir o break-even do negócio.
Nos Açores, uma região que apresenta um enorme potencial para uma cultura do tipo extensivo é a Fajã da Caldeira de Santo Cristo, na ilha de São Jorge. Atualmente assiste-se somente a apanha da amêijoa ( Ruditapes decussatus) que aí se reproduz e cresce de forma não assistida.
Trata-se de um bivalve com grande valor de mercado e uma qualidade organoléptica excepcional, mas cuja produção está muito aquém do seu potencial. Por exemplo, se a reprodução da amêijoa fosse assistida laboratorialmente, seria possível colocar milhares de exemplares em crescimento no meio natural da fajã, maximizando assim o número de exemplares que futuramente entrariam no mercado do sector alimentar.
Adicionalmente, se ocorresse uma boa gestão do espaço, isto é, remoção das algas e compartimentação dos lotes por graus de crescimento, seria possível incentivar o crescimento de forma natural. Neste caso em específico, uma aquacultura de amêijoa de São Jorge seria benéfico para a comunidade gerando riqueza, incorporando os atuais apanhadores de amêijoa e ao mesmo tempo seria uma indústria que estaria em perfeita harmonia com o meio natural.
No entanto, no mundo da aquacultura por vezes torna-se vantajoso aumentar o grau de intervenção humana no recurso a cultivar. Os sistemas semi-intensivos, são um termo intermédio que se enquadram entre a cultura em meio natural exposta aos agentes naturais e o cultivo intensivo em que se controla todas as variáveis.
Mundialmente, no mar, em rios, rias, em lagos ou lagoas, as formas de produzir aquacultura são múltiplas desde que se descubra uma forma de cultivar o nosso recurso de uma forma sustentável tanto para o sector em si como para o meio ambiente e meio social envolvente, embora muitas das vezes esses três aspetos não sejam satisfeitos em uníssono.
Hugo Ferreira Mendes – Mestre em Aquicultura, estagiário na Lotaçor